Desabafo

Senhor, fazei -me Um instrumento de Vossa paz….

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

ENCONTROS E DESPEDIDAS AMOR QUE ACENDE

"O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranqüila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam:
"Se eu fosse você".
A gente ama não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E é na não-escuta que ele termina. Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando atenção."
Rubem Alves
Em valhacouto todo dia é Natal, sinos que tocam em catedrais refletem como lagrimas derramada destes miúdos chegando e partindo, num ligeiro recomeço, vaporoso nascimento, uma expectativa, sempre uma esperança que não se sabe como inicia nem por onde se da, se dentro ou fora, uma fé ainda nem bem percebida, em aglomerados olhares, caçado entre quatro paredes.
Quem vós, seres livres, conseguiríeis coragem e confiança a caminhar sobre o vácuo em mãos alheias e trazer consigo um sorriso na face?

Mais uma etapa encerrada de um projeto o teatro coreografado, realizado por nós, Ana Diniz e Fabiula, hora de prestar contas a sociedade e mostra que a arte tem poder transformador O principio da coreografia nasceu durante uma conversa do desejo do grupo em falar sobre suas relações afetivas durante o convívio no abrigo. Discórdia, traições, cumplicidade, amor, reconsilhamento. A música escolhida por nós, Ana e Fabiula, foi à única coisa imposta com a finalidade de modificar o padrão auditivo comum do grupo. A primeira parte da musica trás uma composição vibracional dramática, sabia que para compreender a melodia a exaustão faria com que o sentir trouxesse do desenvolvimento criativo a emoção mais profunda levando assim o corpo em movimentos em uma única unidade de grupo, sem a necessidade da palavra. Colaboramos com o nosso conhecimento técnico e amparo, quando o grupo por razões diversas não se encontrava em condições emocionais para o ensaio.O resultado final não poderia ser outro se não surpreendente, como todos os colaboradores da instituição puderam constatar.

Tema Titulo: As cunhadas
Musica by Gabriel Yared - Des Orages Pour La Nuit / Zorg et Betty

" As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor.Aprendemos palavras para melhorar os olhos."

Rubem Alves

domingo, 5 de dezembro de 2010

Dialogo entre o José e o mercador
que o comprara para vende-lo como escravo
“estamos a um metro de distancia um do outro.
E, no entanto, ao seu redor gira um mundo
do qual o centro és tu e não eu.
E ao meu redor gira um universo
do qual o centro sou eu e não és tu.”
Thomas Mann
A Escola da Sociedade Hípica de Porto Alegre gentilmente atendendo um pedido meu oportunizou as crianças de uma das instituições que abrigam menores a realizar um período de contato com estes Cavalos Amigo. Esta idéia vem pelo principio básico desenvolvimento sensório motor. Ali já iniciasse o mais importante, a confiança, com cada uma das crianças, busquei suas pequenas mãos e coloquei no pescoço do cavalo de forma a sentir a pulsação do coração do novo Amigo é que se perceberam na igualdade do pulsar de seus coraçõezinhos, ansiosos. Logo o vem à busca do equilíbrio e logo a força com leveza. Pronto depois disso todas as perguntas vieram associativas, tais como, quantos anos tem os cavalos, onde estão as mães, pq foram separados, quem da comida agora, enfim aqueles animais enormes já não era assustadores, dentro do seu universo particular era tão frágil quanto eles.
A natureza como agente de cura mental e físico, mais uma vez.
Equitação, uma arte, um esporte.
A toda equipe da Sociedade Hípica, o meu muito Obrigada.
ADiniz

“ os limites da minha linguagem denotam os limites do meu mundo”

Ludwig Wittgenstein

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A'GENTE ... É'FEITO ... SUJEITO

Um vento grandioso sopra entre as arvores e por todos os lugares caem frutas – verdades. Há nele o esbanjamento de um outono demasiado rico: a gente tropeça em verdades, algumas delas a gente chega a matar pisoteadas – elas são excessivas... Mas aquilo que a gente toma nas mãos, já não tem mais nada de duvidoso – são decisões. Só eu é que alcancei o ter o parâmetro para a “verdade” nas mãos, só eu é que posso decidir. Como se em mim tivesse crescido uma segunda consciência, como se em mim “a vontade” tivesse acendido uma luz sobre a pista torta, sobre a qual o parâmetro até hoje apenas corria abaixo... A pista torta – ela era chamada de caminho para a “verdade”... É chegado o fim para todos os “impulsos sombrios”, o homem bom era justamente aquele que menos tinha certezas a respeito de qual era o caminho correto...
E, falando sério, ninguém sabia antes de mim o caminho correto, o caminho que leva acima: só a partir de mim é que se pode voltar a ter esperanças, tarefas, caminhos a prescrever para a cultura – e eu sou aquele que traz a boa nova... E justamente por isso sou também um destino...
(Nietzsche - trecho do livro Ecce Homo)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O espetáculo de ser criança

Ela lhe agradecia com uma alegria difícil, frágil e tensa; sentia em alguma coisa como o que não se vê de olhos fechados. Mas o que não se vê de olhos fechados tem uma existência e uma força, como o escuro, como a ausência — compreendia-se ela, assentindo feroz e muda com a cabeça. Mas nada sabia de si, passaria inocente e distraída pela sua realidade sem reconhecê-la; como uma criança, como uma pessoa.
Texto: Os bonecos de barro, CLARICE ISPECTOR
Foto: Ana Diniz, 2010

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Cor Pura, brilho do olhar

Sou um evadido. Logo que nasci Fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi.

Se a gente se cansa Do mesmo lugar, Do mesmo ser

Por que não se cansar?
Minha alma procura-me Mas eu ando a monte, Oxalá que ela
Nunca me encontre.
Ser um é cadeia, Ser eu é não ser. Viverei fugindo
Mas vivo a valer.

Poema: Fernando Pessoa
Foto: Ana Diniz

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A solidão e a guerra

“Tornamo-nos uma maquina de esperar.
No momento esperamos a comida,
Depois será a correspondência
E a qualquer momento
Uma bomba inimiga
Que poderia acabar com nossa
Ansiosa e tediosa espera.”

Heinrich Straken (1919 – 1942)



Ensaio da peça Romeu e Julieta, atores são menores acolhidos por um Abrigo do Município.
A orientação é feita pela Atriz e Bailarina F. Rahde e por ADiniz
Pequenos soldados na vida de agora,
é ECA em preto e branco,
mestiço, mameluco, japonês e alemão,
fala português ou mulambes,
não sei se é ele ou sou eu cidadão fora da lei.
Há tantos códigos que sempre ritornello
como um labirinto no olhar de cada uma delas
em depósitos de acolhimento.
O diapasão dramático é real
no Abrigo onde a arte acontece natural
deste pequeno de tranquilidade inquieta
de um espaço ilusório.
Ana Diniz

o mesmo que separa é o que acolhe

sonho cercado, nasce esperança

ESTE LADO DA VERDADE

Dylan Thomas (Para Llewlyn)

Este lado da verdade,

Meu filho, tu não podes ver,

Rei de teus olhos azuis

No país que cega a tua juventude,

Que está todo por fazer,

Sob os céus indiferentes

Da culpa e da inocência

Antes que tentes um único gesto

Com a cabeça e o coração,

Tudo estará reunido e disperso

Nas trevas tortuosas

Como o pó dos mortos.

O bom e o mau, duas maneiras

De caminhar em tua morte

Entre as triturantes ondas do mar,

Rei de teu coração nos dias cegos,

Se dissipam com a respiração,

Vão chorando através de ti e de mim

O UniVersos a mimar a vida

O UniVersos a mimar a vida